Perdidos em Alto Mar - Capítulo 2 - Preparativos...
Capítulo
2
Preparativos...
Começa o
burburinho sobre o cruzeiro nas faculdades. A divulgação estava mesmo surtindo
efeito e a Companhia Marítima começou a vender as primeiras cabines para o American
cruise
for
Young (Cruzeiro Americano para Jovens) que ocorreria no mês de Janeiro do ano seguinte.
Muitos jovens, como planejado, estavam pra se
formar. A empresa iniciou a propaganda no mês de junho de 2014, seis meses antes da data prevista para
que os clientes pudessem se organizar. Vitória e Eduard decidiram que esta
viagem seria a primeira que fariam juntos e começaram a pesquisar sobre ela na
Internet.
Eduard: - Vitória, você acha que a gente consegue
mesmo ir numa viagem como essa? Deve ser muito cara.
Vitória: - Claro que sim amor. É
só a gente se organizar antes. Você está ganhando bem na revista e agora que
fui promovida na loja de bombons dá pra juntar a grana. E a gente bem que
merece. Nossa primeira viagem a sós.
Os
dois se beijaram calorosamente, mas não tinham tanta privacidade, a mãe e a avó
dela estavam olhando da sala toda a movimentação na sala de estudos. O casal lembrou
e se afastou um pouco.
Vitória: - Eduard e agora, como
eu vou convencer a mamãe a me deixar ir nessa viagem sozinha com você, se ela não deixa nem a gente se beijar direito? Acho que
não vai rolar.
Eduard: - Acabei de ter uma ideia e se a gente chamar
a Rebeka pra ir. Sua mãe confia nela, ia ser tudo diferente. Podíamos comprar
uma cabine double (dupla) e uma single (solteiro), pra todos os efeitos você dormiria
com a Rebeka na double e eu na single. (Risos)
E
piscou o olho pra Vitória que sorriu concordando com o plano do seu namorado.
Parecia tudo perfeito. Exceto que não havia pensado na amiga.
Vitória: - Amor, que egoísmo da minha parte,
nem lembrei que a mãe de Rebeka não está nada bem. Ela deve estar sem clima
algum pra ir nessa viagem.
Eduard: - Aí é que entra o seu papel de amiga, você
vai ajudar ela a se afastar um pouco e distrair a mente dos problemas. Vai
fazer bem a ela e, além disso, vai ajudar a você e a mim.
E
abraçou amorosamente a namorada, demonstrando cuidado pela preocupação da mesma
com a amiga.
Eduard: - Vamos conversar juntos com ela e mostrar que
ela não é de ferro e precisa se divertir também. A vida continua. Puxa! tive
uma ideia! Vou fazer uma matéria sobre o cruzeiro na minha revista, vou tentar
sacar um descontinho legal. (Risos) Que roupas tenho que levar, ein?
E
sorriu pra descontrair o clima e sair daquela deprê. Vitória sorriu também e
continuaram a fazer seus planos.
Marcos
foi o primeiro do núcleo paulista a ver o e-mail com a propaganda, passava
muito tempo na internet desde que o amigo começou a namorar, achou que seria
ótimo, como uma recompensa depois de tanto tempo de estudo e convidou os amigos
Letícia e Tiago pelo FACE (apelido carinhoso do site internacionalmente popular
o facebook).
Tiago
e Letícia estavam namorando na casa dele. Como sua avó trabalhava a maior parte
do tempo ele ficava só, então aproveitava pra levar Letícia pra lá. No início dona
Manuela não gostou muito da ideia, mas pra não contrariar o neto, preferiu
fazer que não via nada. Na manhã seguinte, ao acordar Tiago viu a mensagem e
mostrou a Letícia, ela adorou.
Letícia: - Adoreiiii, gato. Já faz
tempo que não viajo desde que voltei a estudar. Ah! Como é maravilhoso viajar
conhecer outros lugares e pessoas e ir a baladas diferentes. (Risos)
Tiago: - Faz muito tempo que não
viajo, aliás, só me lembro da viagem que fiz de Pernambuco a São Paulo com a minha
avó. Seria ótimo conhecer outros lugares e passar mais tempo a sós com você,
minha gatinha.
Letícia: - Miau! É acho que dessa vez o
seu amiguinho acertou, ih! Agora que eu lembrei ele também vai, e com certeza
vai querer colar no nosso pé. Que saco.
Tiago: - Não se preocupe, eu
sempre dou uns dribles nele. Você não sabe disso. (Risos) E ele sempre nos faz
rir.
Letícia: - (Risos) É verdade. Seu
sacana sempre se aproveita do boboca. Mas até que ele é divertido. É, Deve ser
uma boa ele ir também.
Em
Pernambuco Bianca estava em “mais um dia de trabalho exaustivo” dizia ela,
embora só desse ordens, e os funcionários da loja esses sim, trabalhavam exaustivamente
desde que ela chegou pra comandar tudo. Bianca viu no seu smartphone (telefone inteligente) o anúncio
do Cruzeiro, já havia terminado a faculdade, mas com o dinheiro que ela tinha
poderia ir aonde quisesse. Começou a comentar com Paula, uma funcionária da
loja.
Bianca: - Vai ser uma boa viajar
por um tempo e sair um pouco, respirar outros ares. Quem sabe até conhecer
alguém que faça o meu tipo, vai ter muita gente rica. É, vou comprar logo a
minha passagem.
Paula: - Acho que vai ser ótimo
dona Bianca. A senhora vai ver outros lugares.
Bianca: - Já viajei muito
mocinha. Mas sempre é bom viajar outra vez. Vou comprar logo a minha cabine, de
primeira classe, é claro. Aliás, ligue você agora mesmo e procure saber todos
os detalhes. Eu vou estar na minha sala quando pegar todas as informações me
procure.
Paula pegou o número do telefone
e foi correndo ligar pra se livrar o mais rápido possível da patroa mandona,
pelo menos por um tempo...
E
Jonathan, ele na verdade foi o primeiro brasileiro, ou um dos tais, que viu sobre
o cruzeiro na net, afinal caiu na “rede” é peixe pra ele. Seus programas
espiões iam longe e sempre estava atualizado no que diz respeito à baladas e
diversão. Seus vídeos super atrativos lhe garantiam ter acesso a computadores
de várias cidades do país. Mas quanto à estar cursando a faculdade? Bom, já
tinha terminado, mas o que o impedia de ir? Quem poderia saber?
Voltando
pra Califórnia Rebeka leva dona Rosimere ao hospital para seu tratamento de
quimioterapia. Ela aguardava do lado de fora e ficava sempre muito ansiosa a
cada sessão que sua mãe fazia. Era tão difícil aceitar aquela situação, não
parecia, mas era real.
Rebeka: - Nem acredito que isso
está acontecendo. Com a minha mãe, a minha mãe. E orou: Deus tem misericórdia
da mamãe, ela é uma pessoa tão boa, não merece tanto sofrimento. A cada
sessão ela fica mais fraca, por favor, ajude a aliviar essa agonia. Já faz três
meses. (E começou a chorar)
No corredor do hospital surge o
doutor Mike e a chama.
Dr. Mike: - Rebeka, seu pai não
veio hoje com você?
Rebeka: - Não doutor Mike. Eu vim
sozinha com ela, porquê?
Dr. Mike: - Eu preciso falar com
seu pai e com você. É muito importante! Tente ligar pra ele vir ainda hoje.
Rebeka: - Do que se trata doutor?
Ela piorou?
Dr. Mike: - Assim que ele chegar
peça pra enfermeira me chamar. Ok?
Rebeka: - Tudo bem doutor, vou
ligar pra ele.
Rebeka
ligou imediatamente para o pai sem tentar transmitir o nervosismo que estava,
embora o pedido de ir ao hospital falar com o médico com certa urgência o
deixou bastante apreensivo. Ele perguntou como ela estava, Rebeka falou que
estava bem, afinal podia vê-la no quarto, acenando e sorrindo. Depois de
desligar o telefone entrou no quarto do repouso e ficou conversando com a mãe
enquanto seu pai chegava.
Rosimere: - Filha, estou tão
tranquila. Sei que o sofrimento nos
aprimora a alma. Não é fácil aceitá-lo, mas ele faz parte da nossa vida. Graças
a Deus que eu tenho você e seu pai sempre ao meu lado.
Rebeka
conteve as lágrimas e sorriu segurando a mão da mãe, marcada pelas picadas da
injeção e bastante inchada.
Rosimere: - Seria muito mais
difícil de suportar se eu não tivesse vocês, se eu não cresse no Deus vivo. Sei
que Ele já preparou um lugar melhor pra mim e lá não vai ter pranto, nem dor.
Ore por mim filha, mas peça a Deus conforto para o meu corpo, porque a minha
alma, Ele já confortou. Estou feliz seja qual for a resposta dele pra mim.
Rebeka
não segurou mais as lágrimas e abraçou a mãe. O senhor Paul chegou e abraçou
ambas. Rebeka enxugou as lágrimas e foi procurar o dr. Mike, mas daria mais um
tempo pra que Paul conversasse com a esposa.
Alguns minutos depois dr.
Mike encontrou com Rebeka no corredor e foi junto com ela ao quarto de
Rosimere. Parecia que todos já sabiam o que o doutor iria dizer, mas estavam ansiosos
mesmo assim pra ouvi-lo.
Dr. Mike: - Sr. Paul, Rebeka,
chamei vocês aqui pra informar que o estado de saúde da sra. Rosimere não está
evoluindo como esperado e que o câncer já tomou mais alguns órgãos.
Rebeka
segurou a mão do pai, que procurava ser o mais forte pra sua esposa e filha não
se abalarem ainda mais.
Dr. Mike: - Bem, esta é uma
notícia que eu não gostaria de dar, mas o caso é irreversível. Sei que vocês
são pessoas religiosas, peçam a Deus conforto nessa hora difícil. O tratamento
não está surtindo efeito e só está causando mais transtornos a sra. Rosimere.
Vou suspender o tratamento e ela vai poder voltar pra casa. Sinto muito.
Dr.
Mike saiu e os três se abraçaram. O Sr. Paul orou a Deus: Pai ainda que eu ande
no vale da sombra da morte não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua
vara e teu cajado me consolam. Naquela mesma tarde voltaram pra casa decididos
a tornar os últimos dias de Rosimere os melhores possíveis.
Na
manhã seguinte Paul virou-se para dar um beijo em sua esposa como fazia todos os dias,
mas ela não acordou. Paul beijou seu rosto e chorou bastante. Rebeka ouviu a
comoção e foi ao quarto dos pais. Abraçou seu pai e sua mãe.
Rebeka: - Agora entendi o que ela
me disse ontem. Ela está feliz pai. Ela me pediu pra orar pra que Deus
confortasse seu corpo porque a sua alma Ele já tinha confortado. Te amo pai e
agora mais do que nunca.
Paul: - Filha, eu também te amo
demais.
Ajoelhou-se e Rebeka o
acompanhou.
Paul: - Obrigado meu Deus pelo
descanso do corpo da minha esposa. Sei que ela está contigo agora, nos conforta
e nos ajuda a aprender a viver sem ela aqui. Senhor, eu sei que tu dá esforço
ao cansado e multiplica as forças ao que não tem vigor, mas os que esperam no
Senhor renovarão as suas forças, subirão como águias; correrão e não se
cansarão; caminharão e não se fatigarão. Recebe minha esposa em teus braços de
Pai e nos conforta.
Imagem retirada do site: http://searanews.com.br/por-que-o-ceu-e-melhor/
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