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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Perdidos em Alto Mar - Capítulo 2 - Preparativos...



Capítulo 2                    

 

Preparativos...

 

Começa o burburinho sobre o cruzeiro nas faculdades. A divulgação estava mesmo surtindo efeito e a Companhia Marítima começou a vender as primeiras cabines para o American cruise for Young (Cruzeiro Americano para Jovens) que ocorreria no mês de Janeiro do ano seguinte

 Muitos jovens, como planejado, estavam pra se formar. A empresa iniciou a propaganda no mês de junho de 2014, seis meses antes da data prevista para que os clientes pudessem se organizar. Vitória e Eduard decidiram que esta viagem seria a primeira que fariam juntos e começaram a pesquisar sobre ela na Internet.

Eduard:  - Vitória, você acha que a gente consegue mesmo ir numa viagem como essa? Deve ser muito cara.

Vitória: - Claro que sim amor. É só a gente se organizar antes. Você está ganhando bem na revista e agora que fui promovida na loja de bombons dá pra juntar a grana. E a gente bem que merece. Nossa primeira viagem a sós.

            Os dois se beijaram calorosamente, mas não tinham tanta privacidade, a mãe e a avó dela estavam olhando da sala toda a movimentação na sala de estudos. O casal lembrou e se afastou um pouco.

Vitória: - Eduard e agora, como eu vou convencer a mamãe a me deixar ir nessa viagem sozinha com você, se ela não deixa nem a gente se beijar direito? Acho que não vai rolar.

Eduard:  - Acabei de ter uma ideia e se a gente chamar a Rebeka pra ir. Sua mãe confia nela, ia ser tudo diferente. Podíamos comprar uma cabine double (dupla) e uma single (solteiro), pra todos os efeitos você dormiria com a Rebeka na double e eu na single. (Risos)

E piscou o olho pra Vitória que sorriu concordando com o plano do seu namorado. Parecia tudo perfeito. Exceto que não havia pensado na amiga.

 Vitória: - Amor, que egoísmo da minha parte, nem lembrei que a mãe de Rebeka não está nada bem. Ela deve estar sem clima algum pra ir nessa viagem.

Eduard:  - Aí é que entra o seu papel de amiga, você vai ajudar ela a se afastar um pouco e distrair a mente dos problemas. Vai fazer bem a ela e, além disso, vai ajudar a você e a mim.

E abraçou amorosamente a namorada, demonstrando cuidado pela preocupação da mesma com a amiga.

Eduard:  - Vamos conversar juntos com ela e mostrar que ela não é de ferro e precisa se divertir também. A vida continua. Puxa! tive uma ideia! Vou fazer uma matéria sobre o cruzeiro na minha revista, vou tentar sacar um descontinho legal. (Risos) Que roupas tenho que levar, ein?

E sorriu pra descontrair o clima e sair daquela deprê. Vitória sorriu também e continuaram a fazer seus planos.

Marcos foi o primeiro do núcleo paulista a ver o e-mail com a propaganda, passava muito tempo na internet desde que o amigo começou a namorar, achou que seria ótimo, como uma recompensa depois de tanto tempo de estudo e convidou os amigos Letícia e Tiago pelo FACE (apelido carinhoso do site internacionalmente popular o facebook).

Tiago e Letícia estavam namorando na casa dele. Como sua avó trabalhava a maior parte do tempo ele ficava só, então aproveitava pra levar Letícia pra lá. No início dona Manuela não gostou muito da ideia, mas pra não contrariar o neto, preferiu fazer que não via nada. Na manhã seguinte, ao acordar Tiago viu a mensagem e mostrou a Letícia, ela adorou.

Letícia: - Adoreiiii, gato. Já faz tempo que não viajo desde que voltei a estudar. Ah! Como é maravilhoso viajar conhecer outros lugares e pessoas e ir a baladas diferentes. (Risos)

Tiago: - Faz muito tempo que não viajo, aliás, só me lembro da viagem que fiz de Pernambuco a São Paulo com a minha avó. Seria ótimo conhecer outros lugares e passar mais tempo a sós com você, minha gatinha.

Letícia: - Miau! É acho que dessa vez o seu amiguinho acertou, ih! Agora que eu lembrei ele também vai, e com certeza vai querer colar no nosso pé. Que saco.

Tiago: - Não se preocupe, eu sempre dou uns dribles nele. Você não sabe disso. (Risos) E ele sempre nos faz rir.

Letícia: - (Risos) É verdade. Seu sacana sempre se aproveita do boboca. Mas até que ele é divertido. É, Deve ser uma boa ele ir também.

Em Pernambuco Bianca estava em “mais um dia de trabalho exaustivo” dizia ela, embora só desse ordens, e os funcionários da loja esses sim, trabalhavam exaustivamente desde que ela chegou pra comandar tudo. Bianca viu no seu smartphone (telefone inteligente) o anúncio do Cruzeiro, já havia terminado a faculdade, mas com o dinheiro que ela tinha poderia ir aonde quisesse. Começou a comentar com Paula, uma funcionária da loja.

Bianca: - Vai ser uma boa viajar por um tempo e sair um pouco, respirar outros ares. Quem sabe até conhecer alguém que faça o meu tipo, vai ter muita gente rica. É, vou comprar logo a minha passagem.

Paula: - Acho que vai ser ótimo dona Bianca. A senhora vai ver outros lugares.

Bianca: - Já viajei muito mocinha. Mas sempre é bom viajar outra vez. Vou comprar logo a minha cabine, de primeira classe, é claro. Aliás, ligue você agora mesmo e procure saber todos os detalhes. Eu vou estar na minha sala quando pegar todas as informações me procure.

Paula pegou o número do telefone e foi correndo ligar pra se livrar o mais rápido possível da patroa mandona, pelo menos por um tempo...

E Jonathan, ele na verdade foi o primeiro brasileiro, ou um dos tais, que viu sobre o cruzeiro na net, afinal caiu na “rede” é peixe pra ele. Seus programas espiões iam longe e sempre estava atualizado no que diz respeito à baladas e diversão. Seus vídeos super atrativos lhe garantiam ter acesso a computadores de várias cidades do país. Mas quanto à estar cursando a faculdade? Bom, já tinha terminado, mas o que o impedia de ir? Quem poderia saber?

Voltando pra Califórnia Rebeka leva dona Rosimere ao hospital para seu tratamento de quimioterapia. Ela aguardava do lado de fora e ficava sempre muito ansiosa a cada sessão que sua mãe fazia. Era tão difícil aceitar aquela situação, não parecia, mas era real.

Rebeka: - Nem acredito que isso está acontecendo. Com a minha mãe, a minha mãe. E orou: Deus tem misericórdia da mamãe, ela é uma pessoa tão boa, não merece tanto sofrimento. A cada sessão ela fica mais fraca, por favor, ajude a aliviar essa agonia. Já faz três meses. (E começou a chorar)

No corredor do hospital surge o doutor Mike e a chama.

Dr. Mike: - Rebeka, seu pai não veio hoje com você?

Rebeka: - Não doutor Mike. Eu vim sozinha com ela, porquê?

Dr. Mike: - Eu preciso falar com seu pai e com você. É muito importante! Tente ligar pra ele vir ainda hoje.

Rebeka: - Do que se trata doutor? Ela piorou?

Dr. Mike: - Assim que ele chegar peça pra enfermeira me chamar. Ok?

Rebeka: - Tudo bem doutor, vou ligar pra ele.

Rebeka ligou imediatamente para o pai sem tentar transmitir o nervosismo que estava, embora o pedido de ir ao hospital falar com o médico com certa urgência o deixou bastante apreensivo. Ele perguntou como ela estava, Rebeka falou que estava bem, afinal podia vê-la no quarto, acenando e sorrindo. Depois de desligar o telefone entrou no quarto do repouso e ficou conversando com a mãe enquanto seu pai chegava.

Rosimere: - Filha, estou tão tranquila.  Sei que o sofrimento nos aprimora a alma. Não é fácil aceitá-lo, mas ele faz parte da nossa vida. Graças a Deus que eu tenho você e seu pai sempre ao meu lado.

Rebeka conteve as lágrimas e sorriu segurando a mão da mãe, marcada pelas picadas da injeção e bastante inchada.

Rosimere: - Seria muito mais difícil de suportar se eu não tivesse vocês, se eu não cresse no Deus vivo. Sei que Ele já preparou um lugar melhor pra mim e lá não vai ter pranto, nem dor. Ore por mim filha, mas peça a Deus conforto para o meu corpo, porque a minha alma, Ele já confortou. Estou feliz seja qual for a resposta dele pra mim.

            Rebeka não segurou mais as lágrimas e abraçou a mãe. O senhor Paul chegou e abraçou ambas. Rebeka enxugou as lágrimas e foi procurar o dr. Mike, mas daria mais um tempo pra que Paul conversasse com a esposa.

            Alguns minutos depois dr. Mike encontrou com Rebeka no corredor e foi junto com ela ao quarto de Rosimere. Parecia que todos já sabiam o que o doutor iria dizer, mas estavam ansiosos mesmo assim pra ouvi-lo.

Dr. Mike: - Sr. Paul, Rebeka, chamei vocês aqui pra informar que o estado de saúde da sra. Rosimere não está evoluindo como esperado e que o câncer já tomou mais alguns órgãos.

            Rebeka segurou a mão do pai, que procurava ser o mais forte pra sua esposa e filha não se abalarem ainda mais.

Dr. Mike: - Bem, esta é uma notícia que eu não gostaria de dar, mas o caso é irreversível. Sei que vocês são pessoas religiosas, peçam a Deus conforto nessa hora difícil. O tratamento não está surtindo efeito e só está causando mais transtornos a sra. Rosimere. Vou suspender o tratamento e ela vai poder voltar pra casa. Sinto muito.

            Dr. Mike saiu e os três se abraçaram. O Sr. Paul orou a Deus: Pai ainda que eu ande no vale da sombra da morte não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e teu cajado me consolam. Naquela mesma tarde voltaram pra casa decididos a tornar os últimos dias de Rosimere os melhores possíveis.

            Na manhã seguinte Paul virou-se para dar um beijo em sua esposa como fazia todos os dias, mas ela não acordou. Paul beijou seu rosto e chorou bastante. Rebeka ouviu a comoção e foi ao quarto dos pais. Abraçou seu pai e sua mãe.

Rebeka: - Agora entendi o que ela me disse ontem. Ela está feliz pai. Ela me pediu pra orar pra que Deus confortasse seu corpo porque a sua alma Ele já tinha confortado. Te amo pai e agora mais do que nunca.

Paul: - Filha, eu também te amo demais.

Ajoelhou-se e Rebeka o acompanhou.

Paul: - Obrigado meu Deus pelo descanso do corpo da minha esposa. Sei que ela está contigo agora, nos conforta e nos ajuda a aprender a viver sem ela aqui. Senhor, eu sei que tu dá esforço ao cansado e multiplica as forças ao que não tem vigor, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão. Recebe minha esposa em teus braços de Pai e nos conforta. 

 

 

Imagem retirada do site: http://searanews.com.br/por-que-o-ceu-e-melhor/

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