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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Comentários sobre o texto: Conceituando Alfabetização e Letramento - de Eliana Borges correia de Albuquerque.

   Qualquer pessoa responderia que alfabetizar corresponde à ação de ensinar a ler e a escrever. No entanto, o que significa ler e escrever? 
  A partir da década de 1990 o termo letramento surge, o artigo publicado por Eliana Borges busca discutir como os termos alfabetização e letramento se relacionam por meio de depoimentos.
  No final do século XIX o conceito de educação considerada como o ensino das habilidades de "codificação" e "decodificação" permeava as salas de aula. As cartilhas relacionada à esses métodos eram utilizadas como livro didático.
   Em uma das falas, a do escritor Graciliano Ramos, ele conta a experiência de repetição de sílabas que terminavam por atordoá-lo. O processo de aprendizagem não o motivava. Os primeiros textos, com significados complexos, apareciam somente no final o que proporcionou que o mesmo decodificasse as palavras, mas não entendesse o que lia além de notar que sua professora também não compreendia.
  O relato da primeira professora entrevistada mostra que sua experiência na alfabetização foi traumatizante, que tinha de usar a cartilha e decorar todos os padrões silábicos. Ao chegar em casa a mãe utilizava o mesmo método da escola e para ela "aquilo era uma chatice", ou seja não lhe despertava nenhum interesse. Outro ponto relevante na fala desta educadora é que "na escola a professora... não admitia de forma alguma que a gente errasse". A cobrança desmedida desrespeitava os limites humanos, uma vez que todo ser humano é passível ao erro.
   A segunda professora entrevistada expõe que as atividades desenvolvidas com ênfase na repetição e memorização de letras, sílabas e palavras sem significados eram amenizadas pelas práticas de leitura vivenciadas no ambiente familiar, mesmo utilizando o mesmo instrumento de estudo que eram as cartilhas. Ela relata que "o processo foi muito feito na brincadeira, no jogo e muito recheado de fantasia" sua mãae dizia que as letras eram das pessoas de sua casa como "seu F", o "B de sua mãe", o "A de sua irmã", o "P de seu pai" e aos poucos já sabia o alfabeto todo. A relação das letras com as pessoas próximas relacionaram o conteúdo (as letras) com a realidade dela, pessoas com quem relacionava-se diariamente a faziam recordar de cada uma dessas letras. Ele refletiu que "a mesma carta era diferente na escola, porque na escola você pegava todos os alfabetos para decorar ordenado... tinha que demonstrar que decorou a letra e não apenas a sequência" e em casa "era a mesma carta do ABC que minha mãe usava de outro jeito". Um método diferenciado adaptado ao aluno. Os textos lidos somente no final, na escola, eram cantados pela mãe utilizando-se da música no processo de ensino o que permitiu descontrair e tornar agradável ao universo infantil a leitura dos textos. Outro ponto a se observar é a respeito do que fala "... mas ela nunca disse que a professora estava errada" então o processo de aprendizagem da criança se complementava.
   A teceira professora diz ter vivenciado um processo de aprendizagem um tanto parecido com o da anterior. Ela cita que a cartilha que sua mãe usava em casa "tinha uma boneca e um boneco na frente", o instrumento chamava a atenção através das imagens na capa. Além disso ela mostrava as letras da forma tradicional a entrevistada diz "eu não achava ruim. E minha mãe fazia: escrevia o nome das minhas bonecas que eram alunas... dos meus primos num papel... e quando eu queria escrever alguma palavra, ela dizia: é igual o nome de tal boneca, igual o nome de tal primo. E ler para mim, era maravilhoso". A ligação com a realidade da criança permitiu que o processo de aprendizagem da leitura se tornasse prazeroso. Ela fala ainda que já tinha noção de que haviam sílabas mais complexas como "PRA, TRA, tipo Branca de Neve, eu queria ler o BRAN", mas como se sentia segura em relação as demais sílabas desejava agora conhecê-las.
    A primeira entrevistada lembrou que ao chegar em casa a mãe lia a coleção de livros "Os clássicos" todos os dias e para ela "era fabuloso: ficar todo dia escutando ela ler aquelas histórias. Eu amava tanto que até hoje eu me lembro bem que quando aprendi a ler, a primeira leitura que fiz foi daqueles contos, né? Eu adorava, amava... passava a tarde lendo aquilo". A leitura dos contos envolveu o imaginário dela e despertou seu interesse.
    A partir de 1980 pesquisadroes de áreas diversas tomaram como temática e objeto de estudo a leitura e seu ensino para redefini-los. Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984) defendem uma concepção de língua escrita como um sistema de notação, alfabético. Na aprendizagem desse sistema de notação notaram que todos passavam por fases da escrita denominadas de pré-silábica, silábica e alfabética e que os alunos precisariam compreender que a escrita no papel são os sons das partes orais das palavras e que as letras devem ser consideradas além das sílabas e por meio disso aprenderiam e não por meio da leitura de textos presentes em cartilhas tradicionais.
    A partir da década de 1980 surge o conceito de analfabetismo funcional caracterizando-o como: "aquelas pessoas que, tendo se apropriado das habilidades de "codificação" e "decodificação" não conseguiam fazer uso da escrita em diferentes contextos sociais "permitindo que fossem incluidos nessa terminologia não somente os que não liam e escreviam, mas as que tinham pouca escolarização.
     A partir de 1990 o conceito de alfabetização vinculou-se ao termo letramento que "não substitui a palavra alfabetização, mas aparece associada a ela". A definição de letramento no dicionário Houaiss (2001) "como um conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito".
    Atualmente ainda há um alto índice de analfabetos, não considerados como iletrados, pois por meio de uma pessoa alfabetizada se envolvem em práticas de leitura, escrita e sobre os gêneros textuais que circulam na sociedade. Como exemplo a autora do texto cita crianças pequenas que normalmente ouve histórias lidas por adultos ao pegarem um livro buscam repetir todo o texto fingindo que estão lendo.
    As entrevistadas relatam que conhecimentos se desenvolviam nas experiências extra-classe. Vimos o quanto é importante o papel da família no processo de aprendizagem.
    A autora do texto dia que"... o domínio do sistema alfabético de escrita não garante que sejamos capazes de ler e produzir todos os gêneros de texto".
    Na primeira metade do século 20 mesmo em países desenvolvidos, segundo a autora, que possuem baixos índices de analfabetismo o fenômeno de letramento passou a ser discutido.
    A instituição responsável por promover o letramento é a escola embora pesquisas revelem que as práticas de letramento fora dela são importantes. A autora complementa a isto que "os alunos saem da escola com o domínio... de "codificação" e "decodificação", mas são incapazes de ler e escrever funcionalmente textos variados em diferentes situações".
    Soares (1998) aponta que adultos capazes de ler e produzir textos escolares são incapazes de lidar com os usos cotidianos da leitura e escrita em contextos não-escolares.
    As práticas de leitura e produção de textos  desenvolvidas na escola não se adequaria ao contexto em que indivíduos convivem com a escrita de forma mais complexa. No ensino tradicional de alfabetização depois de decorar os códigos por meio de etapas, se lê efetivamente e isso não garante a formação de leitores/escritores. "É importante destacar que apenas o convívio intenso com textos que circulam na sociedade não garante que os alunos se apropriem da escrita alfabética, uma vez que essa aprendizagem não é espontânea e requer que o aluno reflita sobre as características do nosso sistema de escrita". A autora expõe que o convívio com textos diariamente não permite por si só que o aluno venha refletir sobre o sistema de escrita, suas características e o principal é que o mesmo compreende os motivos da leitura e escrita na sua vida.
    Soares (1998a) 
        alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo  se tornasse, ao mesmo tempo, alfebetizado e letrado (p. 47)
    A autora afirma que "... para a formação de leitores e escritores competentes, é importante a interação com diferentes gêneros textuais, com base em contextos diversificados de comunicação." Para alfabetizar letrando é necessário que a escola oportunize aos seus alunos atividades de leitura e produção de textos, mas deixando o resultado esperado "é imprescindível que os alunos desenvolvam autonomia para ler e escrever seus próprios textos".
    O exemplo citado, pela escritora, de uma professora experiente na função, com 15 anos de ensino que buscava diariamente realizar atividades de leitura, exposição oral da compreensção por parte dos alunos, produção de toxto coletivo, registro do mesmo por meio de cópia e por último relacionava-o com imagens por meio de desnhos para facilitar a compreensão, contudo a entrevistada "percebeu que faltavam o desenvolvimento de atividades que levassem os alunos a refletir sobre osistema alfabético de escrita... eu nçao faço atividades no nível da palavra, atividade de análise fonológica... Assim, eles não podem se alfabetizar. Agora vou fazer diferente!" Isso é magnífico um profissional refletir e repensar suas práticas pedagógicas de ensino perceber seus pontos negativos reconhecer seus erros e buscar solucioná-los. No meu ponto de vista esta é uma educadora que merece ser reverenciada e servir de exemplo para várias outras que por estarem anos na função contam apenas os dias para as férias, licensas-prêmios, a aposentadoria e as greves, das quais sequer participam; para verem-se livres dos alunos que deixaram de ser o motivo de seu trabalho para serem um peso que têm de carregar até esses dias tão almejados.
    A autora diz que: 
       "a leitura e a produção de diferentes textos são tarefas imprescindíveis para a formação de pessoas letradas. No entanto, é importante que, na escola, os contextos de leitura e produção levem em consideração os usos e funções do gênero em questão. É preciso ler e produzir textos diferentes para atender a finalidades diferenciadas, a fim de que superemos o ler e a escrever palmente nora apenas aprender a ler e a escrever... É imprescindível que diariamente em turmas de alfabetização em que os alunos estão se apropriando do sistema de escrita, a professora realize atividades com palavras que envolvam, ... uma reflexão sobre suas propriedades: quantidade de letras e sílabas, ordem e posição das letras, etc. a comparação entre palavras quanto à quantidade de letras e sílabas e à presença de letras e sílabas iguais; a exploração de riplomas e aliteração (palavras que possuem o mesmo som em distintas posições (inicial e final, por exemplo)
    Ela enfatiza que as atividades de reflexão sobre as palavras podem sim estar inseridas na leitura e produção de textos, pois vários gêneros favorecem como poemas, parlendas, cantigas e outros, contudo lembra que o trabalho com nomes estáveis (como os nomes dos alunos) é fundamental principalmente no início da alfabetização.
Bom é perceber que vários profissionais tem bfuscado desenvolver práticas de alfabetizar letrando é imprescindível que discussões continuem sendo feitas neste interim para permitir que os profissionais da educação estejam sempre prontos a refletirem a esse respeito e desejam mudar caso seja preciso para atingir o objetivo de formar não decodificadores de códigos registrados em alguma parte, as pessoas autônomas capazes de criar e recriar, refletir e vivenciar uma leitura e escrita consciente e prazerosa que não lhe sujeitasse a mediação de outras pessoas para atividades, nos dias atuais, essenciais como sacar dinheiro num caixa eletrônico,não assinar qualquer tipo de papel sem saber sequer o que contém embora consiga ler tudo o que está escrito.
    À escola cabe "garantir a formação de cidadãos letrados... e construir estratégias de ensino que permitam alcançar... a... meta... alfabetizar letrando.

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